Sunday, September 04, 2016

protesto não é crime


post beeeem facinho de rebeca lerer, no facebook, explicando a dinâmica dos protestos no brasil
(os negritos no decorrer do texto são meus, destacando a parte mais fundamental do que diz a rebeca)


Geralmente o roteiro é assim:

Um ato é convocado por coletivos autônomos. A secretaria de segurança monitora as convocações e determina o contingente policial a partir desse "profiling". É só estudar para ver que nem todos os atos contam com o mesmo esquema de repressão; depende de quem chama, do tom e dos coletivos que se mobilizam. Essa decisão não é técnica, é sempre política.

Aí a manifestação concentra e logo dá para saber se vai ter ou não repressão. Quando o ato decide por um trajeto ou tem um perfil "de risco", a PM simplesmente impede o protesto de seguir ou arruma um motivo para interceder na manifestação. Começa a prender ou agredir manifestante por desacato, ou fazer revistas aleatórias, por exemplo. As pessoas reagem, em geral com palavras de ordem. A PM então aciona o plano que já estava desenhado desde o início. As primeiras bombas de gás e efeito moral são jogadas. Começa a dispersão da multidão. A polícia passa a perseguir grupos de manifestantes.

AÍ, SÓ ENTÃO AÍ, uns minino fazem umas barricada de fogo, quebram umas vitrine de banco e jogam umas pedra para ATRASAR e/ou ATRAIR a atenção da polícia e suas bombas - além de expressar sua revolta contra os ícones da opressão do capital.

Enquanto isso tá acontecendo, centenas de pessoas conseguem tempo e rotas de fuga para escapar da brutalidade policial e das prisões arbitrárias recorrentes nestes atos.

Pode até não parecer estratégico e certamente é distorcido pela "mídia golpista", que nunca conta a história toda e altera a ordem dos fatores para ter o produto midiático que lhe convém. A notícia deveria ser o uso abusivo das armas menos letais, os aparatos policiais desproporcionais e as dezenas de pessoas feridas, mas a narrativa que prevalece é a do "vandalismo".

Gestão de multidão é bem diferente de repressão. As imagens de guerra só servem para colocar a verdadeira pauta do protesto em segundo plano - seja ela o Golpe, a tarifa de ônibus ou a roubalheira da Copa.

Isso também só acontece porque o direito ao protesto é seletivo no Brasil. Na prática, para poder se manifestar, precisa ter CNPJ, negociar com a PM, com o Papa etc ou passar pelo STF, como foi o caso da Marcha da Maconha.

Quem frequenta diversos tipos de atos sabe que nunca é coincidência: quando não tem polícia, não tem violência nem dano ao patrimônio.

#ProtestoNãoÉCrime

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